sexta-feira, 20 de maio de 2011

Entrega #2

TEMPESTADE

Continuava a chover forte,no horizonte já era possível ver os prédios surgindo,Ursão calculou quarenta minutos até chegar lá,olhou pela janela,só pequenos arbustos e grama,e só.Já estava no quinto dia desde que havia pego a carga,era o prazo dele entregar hoje,ou então...
  Estaria encrencado.
Mas como encrencado?Luan iria mandar uma gangue perseguir ele até a morte?Ou apenas chutar sua bunda,abrir o tanque do caminhão,e despejar o acido sulfúrico nele,fazendo sua pele gorda se transforma em uma enorme e coletiva queimadura de 3ºgrau.Talvez ele não fizesse nada,só iria levar uma bronca,Ursão estava preocupado,mas,pensou ele,por que estou pensando nisso?Que bobagem,ele iria conseguir entregar a carga,ganhar uma boa grana e passar uns dois meses de férias fora daquele inferno de vida.Sim,sim,ele iria conseguir entregar,quando se deu conta já estava passando por uma placa,aonde estava escrito:

                             Bem vindo a SunCity,lar dos dias ensolarados

Aquela placa era ironia naquele momento,ainda estava chovendo,quando o caminhão de Ursão cruzou a placa escutou três relâmpagos,a cidade parecia ser bem desenvolvida,enormes prédios de 15,30 e 40 andares,grandes empresas de fastfood,roupas...
   Ursão nunca tinha ouvido falar daquela cidade,começou a gargalhar,saliva saia da sua boca,estava quase no lugar aonde iria fazer a entrega,limpou a boca com o braço e abriu o porta-luvas,tirou um envelope e enfiou no bolso.
  Sua barriga roncava como o motor de um carro veloz,resolveu parar perto de um fast-food para comer alguma coisa,talvez um hambúrguer triplo,parou o caminhão em frente a um,o caminhão ocupou duas vagas de carros,ele pulou do caminhão rindo e entrou no fast food.Ainda chovia.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Entrega

Era o único caminhão que estava naquela estrada esburacada sem fim,o céu estava nublado,mas não chovera desde que o caminhoneiro estava dirigindo seu caminhão branco e sujo,naquela estrada deserta.
    O caminheiro gordo,que era chamado carinhosamente pelos amigos de “Ursão”,estava usando um boné branco com a aba vermelha,usava um estilo óculos escuros e uma camisa “tanker” branca,com alguma manchas,parecia molho barbecue,além de ter uma barba um pouco grande.
  O radio estava ligado tocando uma musica country, até que a musica foi interrompida por um pronunciamento do locutor:
-Interrompemos o seu programa musical matinal para anunciar que uma terrível tempestade ira atingir o território da Avenida... – E o caminheiro mudou de estação de radio,grunhiu alguma coisa mas logo ficou calmo quando sintonizou em outra estação,que tocava um rock pesado,começou a balança a cabeça ,com uma mão gorda no volante e a outra acompanhando o ritmo.

   Começa a chove  como o locutor havia avisado,era um terrível tempestade,
   CABRUM!!
  A espinha de Ursão se arrepiou com aquele relâmpago,o som foi muito assustadoramente alto
“Pobre Ursão,só tinha tamanho,mas era um grande medroso”
   Cada gota daquela chuva que batia na lataria daquele caminhão-tanque parecia um tiro de um revolver,Ursão estava agora com medo do que podia acontecer com sua carga,e se perguntava porque aceitará fazer aquilo.


O TELEFONEMA

  Há Cinco dias atrás,Ursão havia feito uma entrega de Diesel para um posto de gasolina meia boca que estava quase na falência,ganhou uma graninha,pouca coisa,mas dava pra se sustentar por alguns dias,era noite,o celular começou a tocar,Ursão que estava deitado no banco da frente do carro, tateou o porta luvas até achá-lo,olhou para a tela luminosa,que o cegou por alguns segundos ,e atendeu o velho telefone:

-Quem é? – Falou ele rabugento,coçando a barba.
-Alô,aqui quem fala é Luan Pereira  gostaria que o senhor podesse fazer uma entrega para mim.
Ursão babou,lambeu os lábios ,ainda sonolento e resmungou:
-Olha aqui,quem é você pra me acordar as 2 da matina...
-Meu senhor,eu pago bem,muito bem...
-Opa,agora você ta falando minha língua – Falou Ursão,sorrindo do outro lado da linha.
-Quero que você faça a entrega que um acido,para Sun City,pra daqui a cinco dias –Falou Luan,elegantemente.
-E quando eu vou ganhar por isso – Disse Ursão,agora sentado,sonolento.
-6 Digitos
-Opa,aonde eu pego a carga – Disse o gordo,agora com um sorriso enorme no rosto.
-Há um deposito de químicos na Rota 42,acho que você deve estar perto de lá.
-É,eu to a uns quilômetros de lá...
-Agora,se o senhor não conseguir entregar em 5 dias,o senhor irá ter severas conseqüências – E o Senhor Pereira,desligou o telefone.
-Cara Maluco... –Sussurou Ursão,pegando a chave do caminhão e ligando-o
 
 Pegou a entrega naquela manhã,em um deposito de tijolos vermelho velhos,o prédio tinha dois portões,quando chegou lá,buzinou,buzinou até que um senhor abrisse o portão e mandasse ele entrar com o caminhão,pegou a carga,e seguiu caminho.Lá pela tarde,parou em um posto para abastecer e resolver espiar a carga,na lateral do tanque estava escrito em letras pretas porém chamativas.


         Hidróxido de sódio – CUIDADO,ESTE PRODUTO PODE SER PERIGO Á SAÚDE!!

Tirou o boné e coçou sua cabeça ,o que é Hidróxido de sódio?Deixou esse pensamento de lado quando sua barriga roncou como um monstro faminto,havia um restaurante no posto,um lugar aonde as paredes era brancas,mas agora a pintura esta descascando e a garçonete tem bigode maior que o de um idiota adolescente na puberdade.
  Sentou-se no banco,perto do balcão,e pediu a garçonete:

 -Opa,me vê um café forte e umas panquecas...Ah,umas tiras de bacon caiam bem também

A mulher concordou e entrou pela porta de vai e vem na cozinha,Ursão se perguntava se ela tinha namorado,porque com um bigode daquele nem seu amigo Magrão,que tinha fama de pegar baranca,conseguia agüentar ela.
 Do seu lado,havia um folheto de material de construção,abriu e começou a ler,as coisas andavam caras naquele tempo,principalmente os materiais para construção,como eram caros!Olhou os preços dos tijolos,telhas,cimento até achar uma coisa estranha,a foto de uma caixinha,nela estava escrito:
  
   Soda Caustica,NaOH,Hidróxido de Sódio.

-Que porra é essa – Sussura ele,em seguida a mulher chegar com uma xícara de café e um prato com bacon e panquecas.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ônibus

  Sentado em um ônibus qualquer,um jovem,de cabelo cacheado e loiro,admira a paisagem,quase como em um devaneio.
  Casas,arvores,pessoas,prédios.Tudo ia passando pela sua visão,ele não piscava,estava hipnotizado pela poluída paisagem urbana.Uma brisa fria entrou pela janela de vidro e o beijou,finalmente piscou os olhos,que eram azuis com um virgem lago cristalino,jamais descoberto pelo ser humano,havia acordado do devaneio,sua boca estava agora seca,por causa do beijo do vento.
  Um frio subiu sua espinha e seus pêlos ficaram em pé,um bizarro calafrio dominou seu corpo,sacudiu a cabeça e a sensação passou,olhou ao seus redor,o ônibus esta vazio,só ele,o motorista e o cobrador estavam lá,olhou novamente para fora,só prédios passavam agora,a rua estava deserta,o garoto puxou a manga da camisa até cotovelo e olhou o relógio azul analógico:Seis e meia da manhã,ele devia está lá já
     (Cadê ele?)
   O ônibus pará,um garoto negro entra,aparentemente da mesma idade do outro garoto,com o cabelo Blackpower e uma camisa com uma frase engraçada,ele se senta do lado do garoto e fala:


  -Demorei muito,Rafael?
  -Não vi nem o tempo passar – Riu Rafael –Tava hipnotizado pela paisagem.
   -Hahaha,que isso cara,você vive em um devaneio sem fim,sempre “hipnotizado” pelo mundo
  -Fazer o que né,Gustavo.
    Os dois gargalharam,até que Gustavo percebeu que o cobrador estava olhando feio e pararam de rir.Rafael,assoprou para cima,fazendo com que alguns cachos se movessem,voltou a olhar a paisagens,agora estavam passando por uma zona pobre da cidade,crianças jogando bola e empinando pipa na rua.Deus,fazia só 2 anos que ele parou de brincar com os amigos na rua e agora estava ali,indo para a escola de período integral,chegavam de 7 da manhã e saiam as 6 da tarde.Que Inferno de vida,pensou ele.
   Rafael se virou e Gustavo estava com os fones escutando alguma coisa,pelo som,parecia algum Podcast,voltou-se para a janela,começou a olhar o céu ainda escuro,aos poucos,o sol ia surgindo no horizonte e o céu ia se iluminando,estava boquiaberto,era surreal
    (Será um um sonho?)
    Uma outra brisa,mais fria e quase que cortante beijou Rafael,seus olhos se fecharam,como se houvesse levado um soco,e seu corpo se estremeceu,Gustavo percebeu o que estava acontecendo,tirou os fones e perguntou:
   -Que houve,brother?
    -Esse vento frio,parecia até que a morte me beijou – Disse o garoto,ainda com o corpo se tremendo,Gustavo deu uma gargalhada
    -E ai?
    -E ai o que? –Falou Rafael,agora serio
    -Ela beija bem? – E Gustavo começou a rir,já Rafael,ficou sério


   Gustavo,ou Guga para os “Brodér’s” como ele fala,é conhecido por seu um piadista,tento uma oportunidade ele solta uma piada,gostava de tirar sarro da vida alheia,Rafael lembrou-se de uma fez em uma palestra no colégio,um palestra sobre o uso da camisinha, Guga falou logo antes da palestra,enquanto procuravam os lugares para sentar:Essa palestra vai gerar altas piadas,Rafael torceu que não,mas assim que viu o palestrante mudou de idéia,era uma mulher,muito bonita e encorpada,até Guga sussurou que parecia uma ex-atriz pornô que vira dia desses,a moça pegou no microfone e se apresentou


 -Olá,me chamo Monica,sou formada em sexologia e vou apresentar esta palestra.


   A palestra começou,ela explicava coisas no PowerPoint,como quais são as partes dos órgãos sexuais,a puberdade,e Guga calado,só observando com um sorriso malicioso,até que uma aluna,tentando conter o riso surgiu empurrando um carrinho com um pinto de borracha e algumas camisinhas,Monica agradeceu e a aluna saiu ainda tentando conter os risos.


-É agora –Pensou Rafael – O que será que o Guga vai fazer...


   A palestrante começou a falar como se colocava a camisinha,como alguns homens pensavam que tirava o prazer,até que ela falou


   -Perguntas? – Rafael olhou a sua volta,algumas pessoas estava serias,fazendo suas anotações,já os outros tentavam segurar suas risadas.Porra eles já sabia o que aquilo,e Guga levantou a mão,agora serio.Lá vem merda,pensou Rafa


    -Eu tenho,Monica
   -Pois não,pode falar
     -Sinceramente,já aprendemos isso na aula de Ciências no ano passado,sabemos disso já,mas o que eu não sei é que... –Fez uma a pausa – e como fazer o sexo e si,se é que você me entende – As ultimas palavras saíram com um tom de sacanagem,um sorriso sacana surgiu no rosto de Guga,os alunos começaram a gargalhar alto,Rafa não se conteve e solto uma risada.Que sacana,pensou ele.
Guga olhou para a palestrante,e incrivelmente,ela estava neutra,com um pequeno sorriso,depois daquilo ela se despediu e soltou uma piada escrota “Então você meninos,se forem comer alguém,usem essa coisa aqui,isso não vai engolir o pau de vocês não.”


    -Piadinha escrota essa dela não foi? –Falou Guga,correndo em direção a Rafa,agora fora do auditório
   -É,pode ser – Riu Rafa,eles caminharam em direção a saída até que um voz feminina surgiu


   -Ei,você,eh..Gustavo,estou certa?


    Eles se viraram,era Monica,a palestrante...


  -Eu queria falar com você,em particular...
 -Sujou –Sussurou Guga,e se caminhou até Monica,Rafael procurou por alguma cadeira,sentou-se e esperou por Guga,eles falaram por um minutos,talvez dois,até que Guga apareceu


  -E ai? –Perguntou Rafa,levando-se da cadeira com um pulo e seguindo Guga
   -Eu sabia...
   -Sabia o que?
  -Era mesmo a atriz pornô que vi dia desses...
Rafa ficou paralizado,e boquiaberto,como pode,a palestra era um atriz pornô,aonde a escola estava com a cabeça.


   -Ela falou o que?


Guga enfiou a mão na calça jeans e tirou um papel amarelo,com um número de telefone nele com um beijo de um batom rosa nele.


  -Taram!!
-Sortudo...